Se estou desperta
Basta que abra os olhos
E a coisa mais simples acontece
Eu vejo, reconheço as coisas
Sinto-me mergulhar
Num mundo de luz e cor.
Mas de trivial que é
Aquilo que vejo
Não me dou conta do milagre.
Mas se penso e me ausculto
Se entro dentro de mim
O incrível faz-se evidente.
Não atinjo, não atino
Na incapacidade de ver
Que a escuridão me atormenta
E a falta de luz não me apascenta
Na ânsia natural de viver.
Entretanto sinto-me ter que ver
Com algo que me é importante
E o maravilhoso acontece
Ao ver que pelos meus olhos
Outra humana criatura
Caminha com segurança
E ousado se abalança
A fazer coisas de monta
Em que ler e escrever
Porventura voltar a sonhar
Tem de relevo um lugar.
*Dedicatória ao meu companheiro de todas as horas, A. B.
Com carinho,
Olema
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